quinta-feira, 6 de setembro de 2012

“Ouvi a tua oração, e vi as tuas lágrimas. Por isso, vou curar-te” (II Rs 20, 5).


Você já ouviu falar de Dons, carisma.

Gostaria de lhe falar sobre o dom das lágrimas ou mesmo o carisma das lágrimas.

Santa Catarina de Sena dizia que este dom é uma graça da segunda conversão.

Pois bem, "quando o homem recebe o dom das lágrimas, é o Espírito quem chora docemente nele", diz Simeão Metafraste, comentando S. Macário, o Grande. As lágrimas espirituais são a água batismal na qual se dissolve a dureza do coração. Quando chora, o espiritual volta a ser como as águas originais oferecidas ao sopro do Espírito.

As lágrimas são, em primeiro lugar, lágrimas de penitência; nascem "de uma muita profunda humildade". São as lágrimas da recordação da morte, do pecado, compreendido em toda sua profundidade, em suas ramificações e seus encadeamentos insuspeitos. Porém, pouco a pouco, pela recordação de Deus, as lágrimas de arrependimento se transformam em lágrimas de gratidão, de admiração e de alegria. "A fonte das lágrimas, depois do Batismo, é algo maior que o Batismo", dizia São João Clímaco. Aquele que se revestiu de lágrimas como o de um traje de bodas, este conheceu o bem aventurado sorriso da alma, pois sorrir através das lágrimas é símbolo de ressurreição. E as lágrimas carismáticas que correm docemente, sem contração do rosto, tem já algo de uma materialidade transfigurada.

O canto das lágrimas é uma das chaves da arte litúrgica ortodoxa; já sensível no monaquismo bizantino, manifesta-se muito particularmente na ortodoxia de língua árabe, cujo canto, um pouco nasal, é a voz das lágrimas.

Igualmente, esta "dolorosa alegria", esta "bem-aventurada aflição", é provavelmente uma das chaves da iconografia ortodoxa - cuja obra mestra é, talvez, a "Virgem da Ternura".

Ternura, "katanyxis, oumilenié", outra palavra decisiva no vocabulário "hesicasta". As lágrimas são "lágrimas de doçura". O contrário da "sklero-cardia" é a "ternura divina do coração". Toda a força de paixão do asceta, crucificada pela "recordação da morte", purificada e iluminada pelas lágrimas carismáticas, converte-se numa imensa ternura paterno-maternal, numa capacidade de receber sem julgar, percebendo sempre mais além do pecado, o mistério irredutível da pessoa.

O Dom das Lágrimas, que integra a coleção Dons do Espírito, fala sobre o carisma das lágrimas e todas as benções que ela nos oferece, como o poder da cura, perdão, amenização da dor etc. Poderá de ajudar a entender melhor.

Márcio Mendes mostra-nos que o dom das lágrimas é uma maneira de se expressar diante de Deus; “é um dom simples e humilde do Espírito Santo que traz em si uma força salvadora”.

Não tem nada a ver com desânimo, moleza, vontade fraca, negativismo, depressão ou mesmo tristeza. É uma oração eficaz que Deus atende prontamente. Deus tem o poder de transformar em vitória a humilhação que vivemos no momento presente.
                                      









“O Dom das Lágrimas” 
Márcio Mendes
Editora: Canção Nova


terça-feira, 4 de setembro de 2012

APOCALIPSE 12, 1 - 17


1 E viu-se um grande sinal no céu: uma mulher vestida do sol, tendo a lua debaixo dos seus pés, e uma coroa de doze estrelas sobre a sua cabeça.
2 E estava grávida, e com dores de parto, e gritava com ânsias de dar à luz.
3 E viu-se outro sinal no céu; e eis que era um grande dragão vermelho, que tinha sete cabeças e dez chifres, e sobre as suas cabeças sete diademas.
4 E a sua cauda levou após si a terça parte das estrelas do céu, e lançou-as sobre a terra; e o dragão parou diante da mulher que havia de dar à luz, para que, dando ela à luz, lhe tragasse o filho.
5 E deu à luz um filho homem que há de reger todas as nações com vara de ferro; e o seu filho foi arrebatado para Deus e para o seu trono.
6 E a mulher fugiu para o deserto, onde já tinha lugar preparado por Deus, para que ali fosse alimentada durante mil duzentos e sessenta dias.
7 E houve batalha no céu; Miguel e os seus anjos batalhavam contra o dragão, e batalhavam o dragão e os seus anjos;
8 Mas não prevaleceram, nem mais o seu lugar se achou nos céus.
9 E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, chamada o Diabo, e Satanás, que engana todo o mundo; ele foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele.
10 E ouvi uma grande voz no céu, que dizia: Agora é chegada a salvação, e a força, e o reino do nosso Deus, e o poder do seu Cristo; porque já o acusador de nossos irmãos é derrubado, o qual diante do nosso Deus os acusava de dia e de noite.
11 E eles o venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do seu testemunho; e não amaram as suas vidas até à morte.
12 Por isso alegrai-vos, ó céus, e vós que neles habitais. Ai dos que habitam na terra e no mar; porque o diabo desceu a vós, e tem grande ira, sabendo que já tem pouco tempo.
13 E, quando o dragão viu que fora lançado na terra, perseguiu a mulher que dera à luz o filho homem.
14 E foram dadas à mulher duas asas de grande águia, para que voasse para o deserto, ao seu lugar, onde é sustentada por um tempo, e tempos, e metade de um tempo, fora da vista da serpente.
15 E a serpente lançou da sua boca, atrás da mulher, água como um rio, para que pela corrente a fizesse arrebatar.
16 E a terra ajudou a mulher; e a terra abriu a sua boca, e tragou o rio que o dragão lançara da sua boca.
17 E o dragão irou-se contra a mulher, e foi fazer guerra ao remanescente da sua semente, os que guardam os mandamentos de Deus, e têm o testemunho de Jesus Cristo.